quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

dica de livro.CONTRACAPA Até que ponto somos os autores, os criadores das nossas sensações? Quanto elas são predeterminadas pelo cérebro ou pelos sentidos com que nascemos, e em que medida moldamos nosso cérebro pelo que vivenciamos?” A partir de relatos de pacientes que não conseguem mais ler, não identificam objetos, não reconhecem rostos de familiares ou — caso dramático do próprio autor — correm o risco de ficar cegos, Oliver Sacks reabre a antiga discussão em torno do dilema entre mente e cérebro. Com uma prosa límpida, que mescla rigor médico e referências à literatura, às artes e à história do pensamento, este livro é um mergulho fascinante na mente humana, uma das áreas mais complexas da ciência. ABAS DO LIVRO “Meus relatos de caso começam com um encontro, uma carta, uma batida à porta”, escreve Oliver Sacks. “É a descrição que o paciente faz do que ele está sentindo que estimula a exploração mais completa.” Aparentemente simples, a explicação resume a grande qualidade dos livros do neurologista inglês: a ciência vista a partir da experiência humana, num percurso em que se mesclam, de forma ao mesmo tempo rigorosa e afetiva, informações técnicas sobre distúrbios da memória, da fala e de outras funções cerebrais e a narrativa de suas consequências no dia a dia de pacientes e familiares. Em O olhar da mente, Sacks concentra-se em distúrbios da visão, Os personagens são uma pianista que não consegue mais identificar objetos — chega a confundir um guarda-chuva com uma cobra —, um escritor que perde a capacidade de ler — e compensa isso com um método que envolve movimentos da mão e da língua—, indivíduos que só enxergam imagens bidimensionais ou não reconhecem rostos. O que torna suas histórias tão saborosas, a despeito de sua inevitável dramaticidade — ou comicidade, em alguns momentos—, é o talento de Sacks para tratar de assuntos intrincados em prosa lógica e cristalina. E também a erudição discreta de seus argumentos, capazes de incorporar em discussões sobre fisiologia cerebral um poema de John Milton, um quarteto de Haydn, considerações sobre a fotografia estereoscópica, a teoria da linguagem de Noam Chomsky. Aos poucos, os casos do livro ganham certa familiaridade e convergem para aquele que parece ser o seu grande mote: o câncer que o próprio Sacks teve num dos olhos, e que o faz sair da condição de médico para enfrentar a angústia, a insegurança e os medos comuns de um paciente. Nesse mergulho corajoso, que não abre mão da crueza e da autoironia, análise e experiência se fundem para dar contornos originais ao antigo — e ainda hoje complexo — dilema entre mente e cérebro. Oliver Sacks nasceu em Londres, em 1933. Formou-se em medicina no Queens College, e em 1960 emigrou para os Estados Unidos, prosseguindo os estudos médicos. Mora em Nova York, onde é professor de neurologia clínica e psiquiatria na Columbia University. Com a publicação de Enxaqueca, em 1970, iniciou uma brilhante carreira de escritor. Seu livro Tempo de despertar inspirou o filme homônimo com Robert De Niro e Robin Williams. Dele, a Companhia das Letras publicou O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, Vendo vozes, Tio Tungstênio e Alucinações musicais, entre outros.

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